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Entrevista com Ricardo Bacelar: “Trabalhar com Belchior foi uma rica experiência”

Entrevista com Ricardo Bacelar: "Trabalhar com Belchior foi uma rica experiência"

O pianista, compositor e arranjador Ricardo Bacelar lançou recentemente a regravação de Vício Elegante, a última canção do saudoso cantor e compositor Belchior (1946-2017) realizada em parceria com os dois artistas.




A concepção de Vício Elegante acontece em 1996 quando Belchior entra em estúdio para gravar o aquele que seria o penúltimo disco de sua carreira. Para a direção musical e arranjos, a gravadora GPA recrutou Bacelar, sob a produção de Guti Carvalho com a ideia de desenvolver um álbum explorando o lado intérprete de Belchior. Ele e Bacelar, que já dividiram o palco algumas vezes e são conterrâneos, imprimem com sofisticação algumas das obras de outros grandes nomes como Roberto Carlos, Adriana Calcanhoto,  Caetano Veloso e Chico Buarque.

Vício Elegante é a última letra inédita gravada por Belchior.

FOTO TMJ PADRAO

Ricardo Bacelar concedeu uma entrevista exclusiva ao The Music Journal Brazil para falar sobre o lançamento deste single, que já está disponível em todas as plataformas digitais e que ganhou também um registro audiovisual no YouTube dirigido pelo conceituado Nando Chagas, além de contar com a brilhante pianista Delia Fischer que trabalhou na canção escrevendo os arranjos de cordas, além de produzir a gravação, reunindo uma orquestra com oito violinos,  duas violas, dois violoncelos, um contrabaixo, juntamente com o piano e voz de Ricardo. Felipe Abreu fez a preparação vocal.

Bacelar, relembrando o célebre amigo cearense, diz que a lembrança mais marcante que ele carrega é “o timbre de sua voz e o seu sorriso franco”.

Acompanhe:

FOTO TMJ PADRAO

Marcelo de Assis: Ricardo, como você definiria o sentimento em lançar Vício Elegante e como esse single
pode eternizar a sua parceria com Belchior?

Ricardo Bacelar: Essa gravação é uma homenagem que faço ao amigo Belchior e é uma releitura da canção que compusemos. Convidei Délia Fischer para escrever os arranjos de cordas e tentei dar um ar mais intimista à obra, que para mim traz a marca personalíssima de Belchior. A nova gravação acompanha um vídeo, dirigido por Nando Chagas, que captou o clima das pessoas envolvidas no projeto.

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Marcelo de Assis: Você cuidou da direção musical e arranjos do último disco do Belchior que fora projetado para ser um álbum que valorizasse o lado intérprete do artista. Esse ambiente foi propício para que ele mostrasse sua versatilidade com obras de outros grandes nomes como Chico, Caetano, Roberto Carlos e Adriana Calcanhoto. Como foi extrair Vicio Elegante na época desse trabalho e como foi a concepção desta composição?

Ricardo Bacelar: Trabalhar com Belchior explorando sua vertente de intérprete foi uma rica experiência. As músicas do disco foram rearranjadas, tentando imprimir a personalidade e a interpretação marcante do Belchior. Fizemos muitas sessões de pré-produção para experimentar os novos arranjos de uma forma que sua voz soasse com naturalidade e espontaneidade. O resultado final é um disco original e que traz a ambiência da voz forte e inconfundível de Belchior. A música que fizemos juntos foi a cereja do bolo do disco. Uma música inédita, à época, feita dentro do estúdio. Foi a última letra que ele escreveu e gravou. O processo de criação foi muito fluido e gravamos o primeiro rascunho numa fita cassete que até hoje guardo com carinho.

Marcelo de Assis: Você traz essa canção para o século XX que contou com os arranjos de cordas escritos pela Delia Fischer. Como foi pensada essa roupagem na música?

Ricardo Bacelar: Nós quisemos construir uma versão acústica e as cordas proporcionaram um viés muito elegante. O piano é discreto, suave e os contrapontos das cordas são singelos, ornamentando a melodia sem afetação. Procuramos a quietude. Colocar a música em uma outra atmosfera, muito diferente da gravávamos original. E Delia traduziu bem esse sentimento com o arranjo.

 

 

O processo de criação foi muito fluido e gravamos o primeiro rascunho numa fita cassete que até hoje guardo com carinho.

 

 

 

Marcelo de Assis: Como foi trabalhar com Nando Chagas que dirigiu a gravação do registro audiovisual?

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Ricardo Bacelar: Já conhecia o Nando há muitos anos. Fotógrafo, videomaker, exímio guitarrista e produtor. Ele conseguiu captar a dimensão da intimidade da nova gravação e dirigiu o belo vídeo de uma forma que me senti muito à vontade para interpretar. Foi um prazer contar com a participação do Nando nesse projeto.

Marcelo de Assis: Ricardo, você lançou neste ano o álbum Sebastiana que conta com canções que norteiam o jazz. Como foram as gravações dele?

Ricardo Bacelar: Gravei Sebastiana nos EUA, em Miami, a capital da música latina no mundo. O conceito da obra foi gestado pelo produtor César Lemos. Gravamos com vários músicos latino-americanos de diferentes países, com o propósito de reler uma porção da música brasileira sob a ótica da América do Sul. Cada músico trouxe suas influências de suas culturas para agregar sonoridades à fusão de signos que se misturam no disco. Tentei fazer algo novo e que tivesse uma forte identidade, para tanto realizamos vasta pesquisa de repertório e de ritmos nativos que são usados para dar um perfume latino ao disco.

FOTO TMJ PADRAO

Marcelo de Assis: Inclusive ele teve grande repercussão nas rádios de jazz norte-americanas. Como você analisa
esse resultado?

Ricardo Bacelar: Acredito que o mundo está carente de novos produtos de música brasileira de qualidade. Ciente dessa demanda, fiz um disco para o mercado internacional. Para não produzir um material plastificado, agreguei valor ao trabalho com importantes participações com caldeirão de influências que deram uma certa personalidade ao disco. Cheguei a ficar entre a lista dos 50 discos de jazz mais executados nas rádios de jazz dos EUA. Isso para mim é muito importante pois sei que esse ambiente exige qualidade. Além dos EUA, o disco foi lançado na Europa, Japão e América do Sul. Estou respondendo à esta entrevista em Tóquio, onde vim fazer 5 concertos .

Marcelo de Assis: Você fez parte do Hanoi-Hanoi nos anos 1980, quando o rock era matéria de destaque no mercado musical. Como você analisa o rock nos dias de hoje e o mercado como um todo?

Ricardo Bacelar:  Acho que o rock além de ser um gênero musical, é uma forma de comportamento. Em todos esses anos o rock sempre cativa os jovens por conta da vertente libertária que permite extravasar. Existem bandas muito boas atualmente, mas poucas têm a química necessária para transmitir o feeling do rock. O mercado musical em geral oferece muitos produtos diferentes devido ao progresso da distribuição digital. A tecnologia aplicada aos meios de gravação proporciona um acesso mais democrático em que as pessoas podem se expressar e gravar seu trabalho com mais facilidade. Isso gera grande quantidade de produtos, nem todos com qualidade.

Marcelo de Assis: Qual a lembrança mais marcante que você guarda de Belchior?

Ricardo Bacelar: O timbre de sua voz e o seu sorriso franco. Era uma amigo querido.

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