Ela é considerada a cantora mais vibrante do cenário da música mundial. Só quem teve a sorte de assistir suas performances ao vivo consegue traduzir a sensação de estar de frente com a energia contagiante, que exala sensualidade, em uma das vozes mais belas (tipo contralto coloratura), fortes, e expressivas do planeta. É claro que estamos falando de Anna Mae Bullock, ou se preferir, Tina Turner.
Nascida em 1939, nos EUA, a Dama do Rock, que em 2013 abriu mão da nacionalidade americana para se tornar uma cidadã suíça, sempre sonhou ser cantora. E apesar do inegável talento que já possuía para a música desde pequena, trabalhou também como empregada doméstica e enfermeira.

Apesar das dificuldades, a jovem Tina paralelamente dava seus passos como cantora, fazendo backing vocal para Raymond Hill e para aquele que mais tarde se tornaria seu marido, Ike Turner. Não demorou para que ela se tornasse a vocalista da banda.
Descoberta por empresários, lançou seu primeiro álbum em 1958, quando ainda se apresentava como Little Ann. Dois anos depois, já com o nome artístico Tina Turner, ela formaria, ao lado de Ike, a dupla Ike & Tina Turner.
Foram 16 anos repletos de hits, como I fool in love e River Deep Mountain High, além da versão de Proud Mary, clássico canção da banda Creedence Clearwater Revival.
Ike e Tina formaram também uma dupla fora do cenário musical, e se tornaram marido e mulher. As inúmeras agressões físicas levaram a uma tentativa de suicídio de Tina, em 1968, e posteriormente, à separação.
Fugida de casa, Tina teve que recomeçar do zero, levando do relacionamento tóxico apenas o sobrenome do ex-marido. Foram muitos os shows em pequenos clubes, sem estrutura, e muitas vezes sem público, enquanto cuidava e sustentava seus quatro filhos. Foi em um desses shows que David Bowie a elogiou publicamente, fazendo com que a cantora voltasse com força ao cenário musical.
Aos 44 anos de idade, se viu pronta para dar o passo mais importante de sua vida: contratou um empresário para comandar sua carreira solo. Finalmente, em 1985, veio o aclamado Private Dancer, que vendeu 100 milhões de cópias no mundo todo, e que fez de Tina Turner uma das artistas mais vendidas da história.
Os novos tempos trouxeram infinitas turnês lotadas e vários prêmios, incluindo 12 Grammys, além de trilhas sonoras de filmes e participações como atriz em filmes de grande bilheteria, como Mad Max – Além da Cúpula do Trovão, em 2013. Tina também deu a volta por cima também no âmbito pessoal, casando com Erwin Bach, executivo da EMI, com quem está até hoje.
Mas os desafios da vida continuaram: em 2016 ela teve um derrame que a paralisou, e precisou reaprender a andar. Mais tarde, foi diagnosticada com câncer no intestino, e com seus rins afetados, teve como doador seu próprio marido, em 2018.
Mas nada ou nenhuma doença superou a dor da morte de seu filho naquele mesmo ano. Craig, filho de Tina com o saxofonista Raymon Hill, se suicidou aos 59 anos.
Há poucos dias Tina perdeu mais um filho, Ronnie Turner. Ele era fruto de seu casamento com Ike, e faleceu no último dia 8 de dezembro, vítima de câncer.
Apesar de uma longa e interminável sucessão de tragédias pessoais, a diva não se entrega. E apesar da recente aposentadoria, segue, aos 83 anos, pronta para grandes lutas, e grandes vitórias.