O cantor e compositor Victor Mota lançou recente o seu mais novo EP Antes do Sol Chegar que já está disponível nas plataformas digitais com destaque para a faixa-título produzida por Nando Costa e mixada por Raphael Stolnicki.
Mota conversou com o The Music Journal Brazil para falar de sua carreira, seus projetos futuros e de seu novo trabalho. Confira:
Marcelo de Assis: Victor, omo você iniciou na música?
Victor Mota: Comecei a tocar no colégio com uns 13 anos e ganhei um violão da minha mãe. Fiquei com ele durante 1 ano e já comecei a pegar guitarra e na época já ouvia muito rock, bastante coisa internacional. Gostava muito de Guns N’Roses, Bon Jovi, esses sons dos anos 1980 …
Marcelo de Assis: Hard Rock …
Victor Mota: Hard Rock! Ouvi bastante! Comecei a tocar guitarra por causa do Slash! Essa coisa de virar músico profissional, de seguir carreira era uma coisa muito distante por causa da minha família que é bem tradicional.
Marcelo de Assis: Você enfrentou problemas com isso?
Victor Mota: Eu estudei em colégio militar e no Ceará você tem praticamente três carreiras: ou você é medico, ou estuda direito para ser advogado, juiz ou, no caso do meu pai, queria que eu fosse para as Forças Armadas ou ITA. E a música era um hobby …
Marcelo de Assis: Você não podia dizer à familia que queria ser músico?
Victor Mota: Era um sonho … Acho que todo mundo que quando começa a tocar um instrumento, olha seus artistas preferidos no palco, então sempre sonha em ver sua banda estourar com uma música, viajar … Mas era uma coisa muito distante da realidade.
Marcelo de Assis: Mas você chegou a montar um banda na época do colégio …
Victor Mota: Sim! Na época ouvia muita coisa internacional. Tocávamos de Nirvana a Green Day, Guns N’Roses, Sting, The Police, Lynyrd Skynyrd, Dire Straits … Gostávamos muito dessas coisas … Tocávamos bastante em Fortaleza.
“O Víctor é um cara hoje que respeita muito a verdade dele e se encontrou na profissão”
Marcelo de Assis: O cenário de rock era muito forte na cidade?
Victor Mota: Na época o autoral era bem underground. Então eu não pensava nada em autoral. Eu era guitarrista e não era o cantor. Fazia a segunda voz.
Marcelo de Assis: Quando você fazia a segunda voz já visualizava ser o vocalista principal?
Victor Mota: Não. Quando eu entrei na faculdade para estudar administração de empresas, naquela época, a vontade de tocar voltou muito forte. Nessa época eu já estava como frontman e comecei a estudar com um professor que tinha se formado em canto em Nebraska (EUA), o Vitor Philomeno e eu devo muito a ele porque me orientou no caminho das pedras e disse “Cara, acho que você deveria se dedicar, tem várias escolas ótimas fora do Brasil …” e começou a me despertar um grande interesse nisso. Me deu um estalo e pensei: “Agora que eu tenho que fazer o que quero da minha vida”. Estava me formando, larguei o trabalho e toda a família me disse que eu estava ficando doido. Aí fui para os EUA e passei um mês lá para pensar em tudo.
Marcelo de Assis: Você estava em um ambiente corporativo com uma carreira solidificada, um relacionamento afetivo estável e havia essa pressão familiar. Como foi essa transição na sua vida? Como foi lidar com isso?
Victor Mota: Na verdade, eu acho que a história da música vinha se costurando: a faculdade de administração foi algo que me serviu e com ela eu pude adiar algumas escolhas. A ideia de ir aos EUA e estudar na Berklee College Of Music me ajudou porque era uma grande instiuição com referências que eu tinha e que foram estudar lá. Eu precisava daquilo naquele momento. Eu coloquei um ponto final na minha carreira administrativa e a Berklee veio a me ajudar nesse sentido. E respirar isso, 24 horas por dia, foi essencial.
“São Paulo é uma cidade intensa pra caramba. Estou aqui desde 2015 e tem sido muito importante para o meu amadurecimento como pessoa e artista”
Marcelo de Assis: E quem é o Victor Mota hoje?
Victor Mota: O Vítor é um cara hoje que respeita muito a verdade dele e se encontrou na profissão.
Marcelo de Assis: Como está a sua fase artística hoje?
Victor Mota: Desde que fui para os EUA, esse processo de mudança me despertou um processo de compositor. As minhas referências elas uniam três coisas: cantar, tocar e compor. Isso sempre foi muito claro para mim do que eu queria fazer. Até hoje nunca me vi sendo intérprete. Pode ser que aconteça em algum momento. Tocar e cantar são processos para entregar a mensagem. Hoje me vejo cada vez mais engajado nesse processo.
Marcelo de Assis: Como você aplica essas referências na concepção de cada uma de suas composições?
Victor Mota: A minha questão com música é a proposta em fazer música para as pessoas. Eu prezo por simplicidade. Isso me atrai. As referências estão aí para eu pescar: ritmo, linguagem … É isso que eu faço! Música popular. Eu tenho minhas referências estilísticas, mas sempre tento pegá-las e colocá-las no pop. Você vai encontrar na minha música, influências de MPB, rock, blues … mas para mim o que eu faço é pop.
Marcelo de Assis: Como que você busca inspiração para as suas composições? Como elas nascem?
Victor Mota: É uma coisa meio 360 (risos). Vem de alguma letra que escrevo, de um riff de guitarra, de experiências que vivi ou observei …
Marcelo de Assis: Mas elas tem mais do Vitor ou das experiências?
Victor Mota: Tem dos dois. Se tem um sentimento que vivo é a saudade. De quem eu gosto, eu sempre estou longe.
Marcelo de Assis: Essa é a sua fonte inspiradora?
Victor Mota: Acho que sim… bastante!
Marcelo de Assis: Quais são os seus projetos atuais e como você visualiza sua carreira daqui em diante?
Victor Mota: Costumo dizer que estou fazendo “a terceira faculdade” que é morar em São Paulo. Faculdade da vida. São Paulo é uma cidade intensa pra caramba. Estou aqui desde 2015 e tem sido muito importante para o meu amadurecimento como pessoa e artista. Fiquei muito feliz com o ano de 2017 que me levou muito para o meu lado autoral – que é minha mensagem como compositor, como artista. O EP Antes do Sol Chegar ele conta uma história da minha trajetória até aqui e que está ditando um caminho novo que estou trilhando em 2018.
Marcelo de Assis: Qual público vai se afinizar com a sua musicalidade? Que diálogo o EP está promovendo?
Victor Mota: O EP tem quatro faixas: Antes do Sol Chegar, Vem, Dias Melhores e Vou. Tem bastante sentimento de saudade. Antes do Sol Chegar fala de sentimento, Vem é mais de carne, uma descrição de um relacionamento; Dias Melhores é uma música de continuidade e Vôo, fala sobre descoberta. Existem sentimentos variados, perspectivas diferentes e que cada canção explora os sentimentos de uma forma. A música do EP é ampla. A linguagem é acessível mas não direcionada. É tanto para os jovens como para as pessoas mais maduras também.
Marcelo de Assis: Victor Mota por Victor Mota …
Victor Mota: Intenso!